A temporada de desfiles nas principais semanas de moda finalizou esta semana de março, e, como sempre, um número impressionante de marcas se apresentou ao mundo com suas apostas para as próximas temporadas. Mas, afinal, o que será que veremos nas vitrines nos próximos meses? Como as escolhas de cada designer impactam as decisões de compra do público, e como essas escolhas refletem as necessidades e desejos dos consumidores?

Este é o grande desafio enfrentado por todas as marcas durante essas semanas, onde, apesar de seu imenso talento e criatividade, o objetivo final é sempre o mesmo: antecipar as vontades de cada cliente. Afinal, estamos falando de centenas de desfiles ao longo de apenas algumas semanas de moda: cerca de 40 a 50 desfiles por cidade, somando milhares de ideias e propostas. Cada uma delas com um público específico em mente, muitas vezes com públicos semelhantes, mas, ainda assim, todas enfrentando o mesmo dilema: como se conectar de forma única e poderosa com um consumidor que, cada vez mais, deseja se ver refletido nas marcas que escolhe?

O que percebo observando o comportamento dos consumidores, e inclusive alguns movimentos sociais, é que vejo que estamos buscando nos afastar do consumo massivo e nos aproximar de algo muito mais intimista e pessoal. Em vez de desejar a mesma peça de roupa que todos ao nosso redor, as pessoas buscam marcas que expressem sua própria essência e valores. Estamos em uma era onde as “tribos”ganham força. Cada marca vai apresentar tendências alinhadas aos desejos e inspirações do seu público e só momento o “esta na moda” generalista.

Mas imagine se cada semana da moda fosse uma marca pessoal? Como ela se apresentaria?

Talvez a Semana da Moda de Copenhague fosse aquela pessoa minimalista, consciente, preocupada com o futuro e com a sustentabilidade. A Semana da Alta Costura de Paris, por sua vez, seria alguém imponente, elegante e sempre pronta para um momento de grande glamour. Por outro lado, a Semana de Moda de Nova York se revelaria como uma pessoa moderna, dinâmica e sempre à frente de seu tempo. E cada uma dessas “pessoas” até poderíamos tentarmos criar um padrão visual geral, mas a verdade é mesmo em uma única semana de moda, vemos inúmeras marcas desejando apresentarem a sua “marca pessoal única” para o mundo, seria quase que injusto definir um estilo padrão.

É interessante observar que, mesmo tentando criar um padrão, cada semana de moda é um reflexo de uma enorme diversidade de marcas.

Esse contraste reflete o movimento crescente de valorização da individualidade e da autenticidade. Em vez de sermos todos produtos em série, estamos nos voltando para o consumo de produtos que respeitam nossa essência e nos permitem expressar nossa identidade. Cada marca, dentro de sua própria semana de moda, oferece uma narrativa diferente, mas todas se conectam ao desejo do consumidor de algo verdadeiro e autêntico. A ideia de que a moda pode ser uma forma de expressão pessoal mais profunda é cada vez mais evidente.

Essa jornada de personalização e autenticidade vai além das passarelas e entra diretamente na nossa vida cotidiana. No vídeo sobre Autenticidade (assiste aqui), falamos sobre a importância de sermos fiéis a quem realmente somos. No mundo da moda, isso se traduz em uma escolha consciente das marcas e das roupas que não só nos vestem, mas que também comunicam nossa identidade ao mundo.

Estamos prontos para abraçar a autenticidade?

À medida que as semanas de moda se tornam cada vez mais um reflexo das nossas próprias personalidades e valores, a pergunta que fica é: estamos prontos para deixar de lado as convenções e abraçar a moda como uma forma de expressão autêntica e única? Ou continuaremos a buscar o que nos é imposto pela massificação da indústria?

Em breve veremos com se comportam as tendências, mas de qualquer forma, eu acredito que o futuro é construído pelas escolhas de hoje.